quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

TRICHEIRA NA ANITA GARIBALDI

Parecer sobre o projeto da passagem de nível (trincheira) na Rua Anita Garibaldi.
            Há muito tempo se têm ciência da importância da contribuição popular no desenvolvimento do planejamento das cidades, não só pela questão democrática em si, como também pela análise quem será ou já é o usuário destes espaços. Ao mesmo tempo, se sabe a importância da questão técnica no desenvolvimento de projetos, razão pela qual este “casamento” é bem vindo e necessário.
Um projeto urbano muito antigo, para ser implantado, deve ser repensado pelos técnicos uma vez que a cidade é mutante e varia com o passar dos anos. Não só isto, também deve ser validado pelas comunidades para ser executado. Não se pode simplesmente adotar um projeto, de grande impacto, se a cidade para o qual foi pensado já mudou. Neste caso consideram-se que já passou o seu prazo de validade, afinal projetos urbanos em geral são pensados para horizontes de 10, 20 ou até 30 anos. O projeto apresentado é do tempo da IIIª perimetral, ou seja, projetado e aprovado no Plano Diretor de 1979, na década de 70, há cerca de 33 anos, já fora do prazo de validade (na verdade de validade das análises urbanas), devendo ser reapresentado para discussão democrática, e obter pareceres dos moradores e de seus representantes técnicos e políticos de instâncias legais.
Para o cruzamento entre a Avenida Carlos Gomes e a Rua Anita Garibaldi, nos tempos da IIIª perimetral, foi proposta uma passagem denomina de Trincheira semelhante a um túnel ou viaduto. Esta proposta faz rebaixamento na Rua Anita resultando níveis diferentes no cruzamento. Para isto propõe o alargamento da Rua Anita em dez (10) metros. Hoje alargar a Rua Anita Garibaldi em dez metros é um absurdo. O impacto ambiental é demasiado para a região. Neste espaço existe micro clima instalado. Sessenta (60) árvores serão cortadas, será desmontado o clima na região.
Esta obra será geradora de alto impacto de vizinhança, aumentará o asfaltamento e a concretagem, resultando em aumento da inércia térmica, aumento do aquecimento e principalmente a trincheira gerará ruído sonoro de tipo hoje não existente na região. Será fator de poluição sonora excessiva.
Resumindo: Uma obra com alto impacto de vizinhança, geradora de poluição sonora, geradora de aquecimento regional, que proporciona agressão ao meio ambiente e desmonte do micro clima.
Esta obra necessita ser validada pela comunidade, somos uma cidade reconhecida por participação popular e gestão democrática. Não só isso, já é tempo de se pensar alternativas ao transporte individual de veículos. É preciso qualificar o transporte público, ou seremos condenados a uma cidade onde o carro vale mais do que os pedestres e os próprios moradores.
Arquiteto e Urbanista Ibirá Santos Lucas
Fórum de Planejamento Urbano e Ambiental da Região Um – RP1
Conselheiro no Planejamento Urbano e Ambiental – CMDUA/RP1

5 comentários:

  1. Concordo plenamente....

    Projeto retrógrado. Focado somente em carros. Não pensaram nas pessoas que residem, trabalham e circulam pela região a pé. Para atravessar a rua terão que ir de carro...

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  2. Caro Ibirá Santos,
    assino em baixo do seu texto. Para todos que se dedicam alguns minutos para compreender todos os impactos gerados por este projeto percebem o quanto danoso ele será. Está muito claro que o projeto foi pensado a resolver uma única questão dentro de um contexto cheio delas.
    A grande justificativa defendida até o momento é a de reduzir o número de sinaleiras que interrompem o trânsito da av. Carlos Gomes, no entanto esquecem que em todo o local de cruzamento hoje em dia, temos uma parada de ônibus e isto obrigatoriamente nos leva a gerar um sinal para que o pedestre acesse o local dos ônibus que encontram-se entre os fluxos desta avenida.
    Outra questão importantíssima é que, devido aos incentivos de grandes aproveitamentos construtivos (possibilidade de prédios altos),o encaminhamento da av. Carlos Gomes é tornar-se cada vez mais um eixo econômico-comercial o que densificará o número de pedestres ao longo de todo o dia.
    Desta forma, pensarmos em pedestres circulando é pensarmos em aumentar o potencial consumidor para o comercio da região e assim uma maior qualificação da "vida de bairro" da quais fazem parte todas as ruas do entorno da Carlos Gomes.Ruas habitadas são ruas seguras e preservadas.
    A Carlos Gomes faz parte de um importante eixo de nossa capital, mas não podemos enxergá-la como uma via expressa, o que deixa entender ser a intenção dos defensores desta obra.
    Temos um exemplo de sucesso muito vivo e semelhante que foi o processo de tombamento da hoje considerada "A rua mais bela do mundo", a Gonçalo de Carvalho. Foi uma luta para evitar a ampliação do estacionamento do Shopping Total o qual certamente afetaria o conjunto de árvores. Neste caso, inclusive, foi tombado também o calçamento de paralelepípedo para não danificar a permeabilidade do solo.
    Outro que menciono é o entorno da rótula da Carlos Gomes com a Protásio....praticamente não encontramos pedestres por lá.
    Para mim, tudo que se faz as escondidas ou as pressas é pq muitos deveres foram deixados de lado. Está na cara que é uma obra desesperada com fins políticos.
    Para mim, A Política não tem capacidade de pensar A Cidade de forma isenta e qualificada.
    Pensar em projeto é também economizar recursos públicos.
    Sds,
    Maurício Aurvalle, arq.

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    1. Ha seis anos passados fui morar no extremo sul da cidade, era calmo, transito facil. Hoje é movimento intenso de segunda a domingo. É o preço do crescimento, não tem mais lugar sem grandes movimentações de pessoas e carros. Só indo pro Interior.

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  3. Moro na região e também sou contra a trincheira!!! o prejuízo na qualidade de vida no bairro será muito grande!!

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  4. Pegunto se algum desses ai que criticam as obras não são os riquinhos que moram na região e são os que saem todos os dias nos seus carrões importados e nunca andam de onibus e nem circulam pela cidade trabalhando na rua. São os que mais atrapalham o transito, pois só saem pra passear.

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