sábado, 24 de março de 2012

          Impressionante constatar o desprezo revelado pela PMPA em relação ao movimento feito pelos moradores da região da Anita Garibaldi, que estão inconformam com a construção de um 'túnel' na esquina com a Carlos Gomes. Esses moradores contestam as justificativas (?!) apresentadas para a obra, que terá passagem por baixo da Carlos Gomes e que possui o intuito de impedir os congestionamentos de trânsito na região. Para tanto, serão utilizados valores que estão sendo disponibilizados pela CEF para a 'Copa', na forma de empréstimo que, frise-se, será pago pelos moradores, através de seus impostos. O principal argumento para sua concretização é que terá o menor custo dentre as modificações propostas e, por ser a mais barata e a de menor complexidade entre as demais programadas, servirá de 'vitrine' para a 'boa' utilização desses valores.

           A Prefeitura Municipal de Porto Alegre  parece esquecer que deve representar os cidadãos, e, mais, que
existe e subsiste através do que é arrecadado pelos munícipes, os quais a sustentam. Porém, esse aspecto, ao que tudo indica, não é importante para a administração local, que só leva em conta a COPA que está para acontecer. Assim, danem-se os moradores, que vivem e vão continuar morando nesse local mesmo após a finalização desse certame, tido como objetivo maior e primordial das alterações previstas.

         A esquina apontada sofre, segundo a PMPA, de congestionamentos que seriam debelados com o túnel proposto. No entanto, é muito claro quem tem interesse de conhecer o projeto, que essa obra parece desconhecer que (a) o congestionamento se inicia na esquina da Anita Garibaldi com a avenida Alfredo Corrêa Daudt. Cumpre informar que, após essa esquina, como se possível fosse imaginar tal situação, haverá tão somente, como hoje, duas mãos permitidas, estreitando sobremaneira o trânsito no local, e (b) que a obra em tela impediria a ida, que se constitui na permissão de poder dobrar à esquerda, de quem vem pela Anita, sentido
centro-bairro, para o Aeroporto e demais bairros localizados no norte da cidade (Anchieta, Lindóia, Passo da Areia, etc.).

           Mas, essas razões práticas, que os moradores diariamente enfrentam, nada significam para o poder municipal, tão cioso de demonstrar seu direito de império, tomado como inabalável, mesmo que financeiramente
sustentado pelas pessoas que moram  nessa região. Pois são esses os munícipes que irão pagar os empréstimos ofertados pela CEF por conta da Copa. Só que esse aspecto de nada vale se levarmos em conta que a PMPA terá posto sua marca numa obra que, mesmo sem sentido e nada resolver, ficará para atrapalhar o trânsito. A solução? Ah! essa ficará para a próxima gestão, que se iniciará com a obra inacabada!

Só que os reflexos dessa obra serão maiores, a despeito da vontade da Comunidade, que gosta e frequenta as vias que circundam essa confluência, atraente com suas árvores que compõem outro túnel verde na cidade (a previsão inicial é o corte de sessenta delas!):

a) a consequente anulação da Praça do Japão e suas de Alamedas. Essas vias, nas quais foi permitido, há alguns anos, tráfego pesado que danifica seu calçamento, feito, há mais de 100 anos atrás, com pedras de granito, vem paulatinamente sendo asfaltada, contrariamente à vontade daqueles que buscam seu sossego e beleza, e
b) que possui estacionamento permitido em todo o seu limite, pondo a segurança das crianças, escolas e adultos que lá tentam passar momentos agradáveis no último lugar entre suas prioridades, numa região que merece ser tombada como reserva cultural da cidade, pois possui microclima próprio e se trata de um presente ofertado pelo
Japão à cidade,  se constituindo num oásis de tranquilidade em meio à movimentada Perimetral. Entretanto, tais pontos são desconhecidos pelos dirigentes que são eleitos, a cada quatro anos, para buscar e representar as aspirações dos seus cidadãos. Seus interesses, contudo, são outros e totalmente descolados das manifestações daqueles que residem nesses locais.

Deparamos, assim, com uma PMPA que dá mais valor a obras que certamente serão inauguradas com discursos, pompa e circunstância,mesmo que em detrimento da vida dos moradores, os quais, através de seus impostos, pagam a conta desses passos equivocados. Deparamos com uma administração municipal cega e surda aos apelos de seus cidadãos, a quem deveria ser dado o direito de decidir, já que são eles que se responsabilizam pelo custo dessa obra que não atinge a nenhum de seus escopos, além da pena de ter de vivenciar e driblar esse equívoco diariamente.

Constatamos profundo sentimento de frustração com pessoas que, guindadas a cargos públicos, após campanhas em que prometem valorizar os cidadãos, mostram, a quem quiser ver, que aqui, nesta cidade, está
implantada política que busca outros objetivos, alheios aos que têm a população como alvo.
É lamentável deparar com ouvidos moucos a abaixo-assinados; apreleções que sofrem acalorados debates com funcionários da PMPA, demonstrando que passou o tempo em que os cidadãos aturavam passivamente o que era decidido pelo poder municipal, ainda que sempre tenham se responsabilizado pelo pagamento das respectivas faturas; 
Aos dirigentes públicos tão ocupados com a liturgia dos cargos que ocupam, ou que aspiram integrar, que ficam também cegos e não constatam a incongruência de decisões tomadas dentro de gabinetes, que pretendem
implantar de maneira ditatorial. 

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